Mesmo sem caso confirmado de Varíola dos Macacos, Unaí-MG promove palestra sobre o assunto.
O médico infectologista Luís Gustavo Santos, do Serviço de Atendimento Médico Especializado de Unaí (Same), órgão da Secretaria Municipal de Saúde e referência em doenças infectocontagiosas para todo o Noroeste de Minas, informou na tarde dessa quarta-feira, 3/8, que Unaí e região não registraram nenhum caso confirmado de varíola dos macacos.
Já foram registradas ocorrências em outras regiões de Minas, no Distrito Federal e em Goiás.
Dados do início desta semana dão conta de que a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais investiga 142 casos de varíola dos macacos, com 63 casos confirmados no Estado, 44 somente na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, passam de 38 o número de infectados na região e outros 97 sob investigação. No início desta semana, Plano Piloto, Guará e Águas Claras eram as localidades com o maior número de registros. Em Goiás, São 35 casos confirmados da doença. O Estado já registra transmissão comunitária da doença em Goiânia. Ocorrências foram registradas também em Aparecida, Itaberaí e Luziânia.
QUE É VARÍOLA DOS MACACOS?
De acordo com o médico do Same Unaí, é uma doença do grupo das exantemáticas, ou que causam lesões na pele do paciente. Trata-se de uma zoonose viral (doença infecciosa que passa de animais para humanos). “É prima da varíola, doença erradicada em 1980”, explicou.
Antes restrita a áreas rurais da África Central e Continental, a doença se espalhou e provocou situação de surto em várias partes do mundo. No mês de maio, foi observada no Reino Unido, a partir daí começou a se espalhar, chegando ao Brasil. A varíola dos macacos já é considerada emergência global pelos critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para o infectologista, porém, isso não deve causar intranquilidade nas pessoas. “Não há nenhum motivo para desespero. É uma doença com baixa letalidade (provoca poucas mortes). A gente tem tempo hábil para lidar com ela e, na grande maioria das vezes, não provoca maiores complicações, muito menos a forma letal”.
MAIOR INCIDÊNCIA ENTRE HOMENS, MAS TODOS PODEM SE CONTAMINAR
“Desde o surgimento da doença e do surto, a gente percebeu, a partir do Reino Unido, no mês de maio, que a incidência de contaminados é maior entre os homens que fazem sexo com outros homens”, afirma Luis Gustavo.
Entretanto, ele enfatiza que o contato sexual não é a única forma de contágio da varíola dos macacos. “Não se restringe apenas aos homens, pode infectar mulheres, crianças, idosos”. E o preservativo (camisinha) não funciona como no caso do HIV. “Porque o contágio aqui é mais amplo”. Até toalhas, roupas usadas e objetos pessoais do infectado são fontes de contaminação.
Isso porque a doença também pode ser transmitida por contato com superfícies contaminadas, contado direto com lesões de pacientes infectados, com fluidos corporais ou gotículas respiratórias, bem como proximidade (sem uso de máscaras) de indivíduos infectados (ainda que não apresentem feridas na pele).
PRINCIPAIS SINTOMAS
De acordo com o infectologista, os sintomas percorrem duas fases após a contaminação. Na primeira (de 1 a 5 dias), aparecem dor de cabeça intensa, dor no corpo, fraqueza intensa, febre alta, linfonodos inchados (ínguas).
Na segunda fase (depois de quatro dias), geralmente aparece o exantema característico da varíola dos macacos: lesões na pele (manchas ou bolhas, com ou sem pus). Pode acometer face, palma das mãos, sola dos pés, região genital e ânus, além de outras mucosas (da boca e do nariz).
“Mas não é comum que essas lesões ou exantemas apareçam no tronco”, frisou o infectologista do Same Unaí, ao alertar que os sintomas da varíola dos macacos podem ser confundidos com os de outras doenças, como catapora, herpes ou sífilis secundária (esta última lesiona palma das mãos e sola dos pés).
“Por isso, a pessoa percebeu algum sintoma, procurar logo o serviço de saúde (usando máscara), para receber as orientações do profissional e entrar em isolamento”, orientou.
O período de incubação do vírus (início dos sintomas até recuperação dos casos leves) pode variar de 5 a 21 dias. O período médio para que uma pessoa curada deixe de transmitir a doença é de 3 a 4 semanas após a cicatrização completa das lesões na pele.
TRATAMENTO
Para o tratamento de casos muito específicos da doença (sintomas mais graves), de acordo com Luis Gustavo, pode ser usada uma medicação, que ainda não está a disposição no Brasil, mas muito utilizada no tratamento da varíola comum. Com relação à vacina, o médico do Same disse que o imunizante “deve chegar ao Brasil provavelmente no mês de setembro”. Ele estima uma carga inicial de ao menos 20 mil doses, que deverão ser utilizadas inicialmente para imunizar indivíduos que tiveram contato com infectados e ainda profissionais de saúde que lidam com os doentes e com as substâncias contaminantes.
Com informações da SESAU e Ascom.